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Resenha | Frankenstein: Vida e Morte de Dean Koontz


Frankenstein: Vida e Morte marca um fim decepcionante para o que originalmente seria a trilogia de Dean Koontz, não somente pelas lacunas lógicas e atalhos narrativos, mas por ser o início forçado de uma nova trilogia. A série que reimagina a história de Frankenstein, o clássico de Mary Shelley, para os dias atuais é composta por cinco livros:  O Filho Pródigo (2005), Cidade das Trevas (2005), Vida e Morte (2009), Lost Souls (2010) e The Dead Town (2011), mas inicialmente apenas os três primeiros estavam programados para existir. Sua origem está em um roteiro abandonado de uma série de televisão que Dean Koontz havia escrito, como o projeto nunca foi adiante ele convidou dois amigos escritores para transformar a ideia em livro: Kevin J. Anderson e Ed Gorman, que escreveram os dois primeiros volumes, respectivamente, dando créditos de coautoria para Koontz. Isso explica a diferença de qualidade narrativa entre as obras, sendo O Filho Pródigo, a melhor entrada de toda a série, pelo menos entre as publicadas no Brasil.

Inicialmente Dean Koontz trabalharia no terceiro volume junto com Ed Gorman, completando a janela de lançamento da trilogia pouco tempo após a publicação do primeiro volume, mas isso nunca aconteceu, o projeto foi engavetado e permaneceu sem atualizações por anos. O motivo oficial foi o Furacão Katrina, como a história era ambientada em Nova Orleans, região devastada pelo furacão, Koontz não achou certo publicar na mesma época um livro em que a cidade era destruída em meio a uma guerra entre humanos e seres artificiais. Vida e Morte só tomou forma quase quatro anos depois, quando Koontz decidiu terminar a história sozinho. E dá para perceber durante a leitura que esse espaço de tempo impactou na escrita, Koontz não parece saber que direção dar à história, a guerra em Nova Orleans arquitetada desde O Filho Pródigo é completamente deixada de lado, e ao invés de prover pelo menos uma conclusão decente, ele opta por amarrar superficialmente as subtramas dos outros livros, fazendo no processo uma espécie de "reboot" forçado da história. Dessa vez inteiramente escrito por ele próprio. 

Vida e Morte é tão diferente dos livros anteriores que parece existir em seu próprio universo bizarro. Seu grande problema é que sua história é completamente vazia, não acontece nada de importante e a maioria das páginas é composta de capítulos curtos em que todos os personagens são colocados em situações ridículas, visando se ter uma desculpa para todos estarem no mesmo lugar nas últimas páginas. E quando todo mundo chega lá, um dos piores finais de todos os tempos é coroado por uma reviravolta que apaga a importância de todo o esforço dos primeiros volumes. Outra mudança significativa e negativa está nos próprios personagens, a exemplo de Deucalião. Se nos outros livros a criatura de Frankenstein era um ser complexo, atormentado pelas suas emoções, neste é uma espécie de estereótipo de super-herói bidimensional, com novos poderes que se existissem desde o primeiro volume teriam eliminado metade das cenas e páginas. E para quem estava esperando finalmente ver a guerra de Frankenstein contra a humanidade, mais uma decepção, aparentemente isso só acontece nos dois últimos volumes, Lost Souls e The Dead Town.

Na história de Vida e Morte os membros da nova raça continuam se descontrolando e apresentando problemas por todos os lugares, e isso agora é tratado com pouca importância. Os detetives Carson O'Connor e Michael Maddison, outrora protagonistas, só aparecem nesse livro porque seria difícil explicar seu sumiço, seu arco literalmente não tem peso ou relevância alguma com relação ao que acontece no livro. O metódico e inteligente Victor Frankenstein dá lugar a um personagem apático e sem reação, cuja falta de preocupação com os problemas em seu planejamento secular faz com que o próprio leitor não se preocupe com está acontecendo. Outros personagens continuam aparecendo de uma forma ou de outra, com tramas secundárias que também não interferem nada com a  trama principal, se é que possível definir uma trama principal. Vida ou Morte que deveria ser a conclusão de uma saga promissora se mostra uma leitura tão rápida quanto facilmente esquecível, que simplesmente passa páginas e mais páginas se alongando e enrolando o leitor, sem dizer nada de realmente importante, para no final ter uma reviravolta que recomeça tudo para que a história consiga se alongar por mais dois livros. 

   
   Frankenstein: Vida e Morte (2011) | Ficha Técnica 
   Título original: Dean Koontz's Frankenstein: Dead and Alive (2009)
   Autor: Dean Koontz
   Tradutora: Grace Taylor
   Editora: Prumo
   Páginas: 392 páginas
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   Nota:☠☠☠☠☠☠(3/10 Caveiras)

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