A Noite da Vingança é um livro bastante difícil de ser indicado, sua história é o último espasmo de agonia de um longo e desesperado grito de horror. Joseph Hayes mistura com propriedade a violência catártica, chocante e brutal dos thrillers de suspense dos anos setenta com uma profunda exploração psicológica de suas motivações e ramificações no contexto social. Sua crítica ultrapassa a questão de que violência gera mais violência para adentrar a questionamentos mais sombrios, indagando se a própria violência justifica mais violência. Se essa aproximação por um lado permite ótimos rompantes de ação e tensão, por outro gera momentos de monotonia e diálogos intermináveis.
Um dos grandes acertos da narrativa é explorar ao máximo a sua condição de suspense psicológico, a partir de cenas que permitem uma observação microscópica de todo o contexto emocional e moral envolvidos em cada acontecimento. É normal durante a ação o foco narrativo ir se alterando entre as diferentes percepções de cada personagem, apagando os contornos da linha que separa quem é o vilão e o mocinho da história, tornando assim a leitura muito mais interessante e ambígua.
Não é simplesmente uma questão de produzir uma falsa sensação de ambiguidade, mas a de obrigar o leitor a se posicionar moralmente durante a leitura, sujeitando-o a confrontar suas próprias escolhas a cada novo capítulo. O desenvolvimento da trama é cinematográfico, abusando de flashbacks para exemplificar e justificar cada ação de determinados personagens, cuja finalidade é tanto contextualizar como confundir o leitor com relação às motivações. O resultado é um romance pesado, violento e verossímil.
A história começa com uma misteriosa invasão de cemitério, Boyd Ritchie se prepara para colocar em prática um sangrento plano de vingança, cujos detalhes foram arquitetados durante anos de marasmo e abuso na prisão. Todos aqueles que foram responsáveis por sua condenação indevida, advogados mentirosos que prometeram acordos e reduções de pena, promotores cínicos preocupados apenas com a própria carreira, testemunhas questionáveis e juízes de má índole, terão sua dose de horror essa noite.
Sua ideia não é matar ninguém, e sim compartilhar o sofrimento dos anos de abuso que sofreu na mão de policiais corruptos e de prisioneiros sádicos, os melhores anos de sua juventude foram perdidos trancafiados no inferno. Agora é a hora da vingança, de aproveitar cada lágrima de desespero, cada nota harmoniosa dos gritos de pavor, cada segundo de dor alheia na esperança de que possam cobrir o buraco negro que se tornou seu coração.
A Noite da Vingança é um livro bastante violento, um dos métodos de vingança é abuso sexual e acontece em duas situações extremamente chocantes, entretanto sua descrição não é apelativa ou graficamente construída apenas pelo choque, a própria violência não é descrita, seus resultados e ramificações estão nas referências das reações dos personagens e cabe ao leitor montar a cena do que aconteceu em sua própria mente. Dessa forma a narrativa consegue ser mais sombria e assustadora possível, pois qualquer descrição de horror e violência não chega aos pés da que assombra a imaginação de cada leitor.
2 Comentários
Oi, Rafaaaaa! Fiquei bem curiosa com o livro, adoro quando os autores brincam com os papéis de vilãos e mocinhos, porque na vida real, né, todo mundo é vilão e mocinho. Só tenho um pé atrás com as cenas de estupro, pra mim vale tudo: membros cortados, torturas psicológicas ou arrancando unhas (uma das piores dores provocadas pelos torturadores do governo militar), mas estupro e coisas perfurando mãos, pés e olhos eu tenho probleminhas em lidar hahahhaa
ResponderExcluirUm Metro e Meio de Livros
Fiquei bem interessado pelo livro e já comprei o meu !!
ResponderExcluirbomlivro1811.blogspot.com.br