No auge dos romances noir, nos anos quarenta e cinquenta, os serial killers e assassinos eram habilidosos na arte de conseguir informações, as perseguições às vítimas eram mais sangrentas e a captura era dificultada pela demora dos processos policiais típica da era pré-computação. A evolução da tecnologia com o advento da internet modificou muito dos antigos parâmetros do que era ou não considerado crime.
As pessoas hoje em dia fornecem todas as informações necessárias para um serial killer em seus perfis sociais, seus hábitos, emprego, fotos próprias e de familiares. A literatura policial acompanhou essa evolução e grandes livros focados em crimes virtuais surgiram, não apenas utilizando a internet como fonte de dano a vítima, mas também como uma função a mais na conquista da confiança de suas vítimas. Selecionei três livros, suspenses policiais, nos quais os vilões se utilizam da internet para seduzir, perseguir e explorar suas vítimas:
O Espantalho de Michael Connelly
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Michael Connelly é um dos escritores policiais mais populares da atualidade, seus livros são ágeis com protagonistas carismáticos, o suspense que envolve o mistério não é o conduz a maioria de suas tramas, desde o inicio a identidade do vilão é clara cabe ao leitor sentir a angustia que antecede as investigações até o herói descobrir quem é o assassino, isso rende muitas vezes diálogos memoráveis entre inimigos que muitas vezes não tem ciência disso.
O Espantalho é uma obra que ilustra bem essa questão, segundo livro do autor que traz como protagonista Jack McEvoy, o repórter policial de O Poeta, se passa dez anos após seu antecessor e conta com um vilão extremamente hábil e inteligente em cobrir os rastros de seus crimes. O Espantalho é chamado assim por seu trabalho em uma grande empresa de engenharia de softwares, responsável pela segurança dos arquivos ele comanda a "fazenda" onde os servidores de dados estão localizados, agindo como uma espécie de proteção contra aos ataques maldosos de hackers, assim como um espantalho protege a plantação dos pássaros.
Com todo seu acesso a tecnologia não é difícil para o Espantalho cometer seus crimes impunemente, suas vítimas, mulheres, são brutalmente estupradas e sufocadas, seus corpos são desovados nos carros de seus parceiros de modo a criar a impressão de que os mesmos cometeram os crimes. O complemento que dá veracidade a história é a invasão dos computadores e implantação de provas incriminadoras.
É praticamente um crime perfeito, pois os policiais têm todas as provas que precisam para concluir a investigação rapidamente, mesmo sob veementes protestos de inocência, de modo que questionamentos mais profundos são desnecessários. O que não contava era com a curiosidade de um repórter que não mede esforços para chegar à verdade. Mas o Espantalho já estava preparado para essa situação e suas armadilhas virtuais podem ser o fim de McEvoy.
O Homem Errado de John Katzenbach
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John Katzenbach, autor de O Analista, mais uma vez prova ser um profundo conhecedor da mente humana e suas distorções malignas, em O Homem Errado mostra que as pequenas escolhas do dia a dia podem ser mortais, não conhecemos aquele estranho que senta ao nosso lado no ônibus, pode ser qualquer pessoa, talvez um bom sujeito que ajude criancinhas desabrigadas, porém também pode ser o homem errado, um assassino cruel e pervertido ou quem sabe um estuprador esperando a sua melhor chance para atacar você.
Na história uma estudante vê seu mundo desabar quando se torna alvo de perseguição de um homem que se considera o amor de sua vida, eles passaram apenas uma noite juntos o suficiente para ativar a obsessão sociopata do vilão, a protagonista busca refúgio em sua família, no desespero eles aprendem que podem fazer qualquer coisa para proteger um ente querido. É aí que as coisas ficam sangrentas.
O vilão do livro é extremamente inteligente, suas ameaças soam como declarações de amor exaltadas, suas área de ataque é a virtual. Ele utiliza todos os recursos que possui em mãos para atacar a família tão sutilmente que não pode ser responsabilizado por seus atos. O pai, um professor respeitado de uma grande faculdade, recebe uma denuncia anônima online de que seu trabalho mais famoso não passa de plágio. A mãe, advogada, é acusada de movimentações bancárias ilegais em através da internet para contas fantasmas. Katzenbach explora bem o quanto rumores maldosos podem acabar com uma carreira construída através de muito suor. A internet torna-se a principal arma do vilão.
A Janela Quebrada de Jeffery Deaver
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Jeffery Deaver é reconhecido por ser o mestre das reviravoltas na trama, não há nenhum outro escritor que consiga criar um véu tão enganador e ao mesmo tempo tão fino e frágil separando a trama principal da verdadeira que jaz escondida através da identidade do vilão. A maneira como trabalha o mistério, envolvendo o leitor por encruzilhadas e caminhos escuros é fantástica, sempre a revelação de quem é o assassino nos surpreende.
A Janela Quebrada é mais um romance da série Lincoln Rhyme, o investigador tetraplégico e sua companheira Amélia Sachs. O vilão é o mais refinado desta lista, não precisa matar a pessoa fisicamente, pois com seus conhecimentos em tecnologia da informação apaga qualquer resquício da identidade que a vítima possuir, contas bancárias são zeradas, documentos são excluídos do sistema. Em suma a própria identidade da pessoa lhe é tirada e se não consegue provar para ninguém quem diz ser imagine dizer-se vítima de um crime?
2 Comentários
O Espantalho eu já li e o achei excelente. Janela Quebrada eu tenho mas não li ainda, na verdade tenho vários livros do Jeffery Deaver mas nunca li nenhum, não sei porque, pois muitos leitores falam muito bem dos livros dele. Me interessei muito por O Homem Errado, e O Analista do mesmo autor e acabei de compra-los. Acredita Rafa que eu nunca tinha ouvido falar do autor ? Excelente post mais uma vez. Abraço.
ResponderExcluirwww.bomlivro1811.blogspot.com.br
Suas dicas são sempre ótimas. Parabéns pelo blog!
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