“Battle Royale é uma pulp riff insanamente divertida [...]. Ou talvez só
insana. Quarenta e dois estudante japoneses, que acreditam estar partindo para
uma excursão de escola, são largadas em uma ilha, equipados com armas, de
metralhadoras a garfos de cozinha, e forçados a lutar entre si até que apenas
um sobreviva.” Stephen King
Battle Royale é um livro fantástico e difícil de ser classificado em um simples gênero literário. Poderia dizer que trata de um terror psicológico pelas várias cenas de tensão que ocorrem antes e durante os combates, ou também que é uma história de horror pela quantidade de corpos que são fabricados e o tanto de sangue derramado durante as páginas, é possível até o leitor manchar seus dedos de vermelho durante a leitura.
Quem sabe drama seria um gênero mais adequado, pois no jogo sádico ao que os estudantes são obrigados a participar saber quem são os verdadeiros amigos é crucial, há tantas maquinações cruéis, traições desesperadas e até erros inocentes que elevam as relações sociais a um novo patamar, baseadas na tensão reinante no jogo.
Ao mesmo tempo consegue ser uma história de amor e de amizade, mesmo nas piores situações o ser humano encontra forças em seus sentimentos para continuar, empenhar o melhor de si para proteger aqueles que ama. Battle Royale fala sobre tirania, desespero, união, controle, crueldade, mas seu principal foco é na confiança mútua.
Em um futuro não muito distante um governo tirano assumiu o controle do antigo estado japonês, criando a totalitária República da Grande Ásia Oriental governada com mãos de ferro pelo Supremo Líder. A sociedade se baseia num aceitação supérflua da politica dominadora e opressiva governamental, os indivíduos que possuem coragem suficiente para expressar sua opinião contrária contra o regime são reprimidos violentamente.
Todas as influencias de outros países, como os imperialistas americanos, foram abolidas e o novo estado é fechado em si mesmo. Como uma forma de controle populacional, uma medida foi criada para conter rebeliões e desestimular os jovens, chamada de “O Programa” surgiu como uma propaganda extremamente patriótica no qual os estudantes dão a vida para ajudar seu país, todo ano uma turma do nono ano escolar japonês é escolhida para participar do jogo, os pais são forçados a aceitar pacificamente a inevitável convocação forçada e aqueles que tentam se rebelar são cruelmente mortos como exemplo.
O Programa consiste colocar a classe inteira sob observação em uma ilha isolada, despida de todos seus moradores originais. Cada estudante ganha uma espécie de kit de sobrevivência contendo entre outras coisas, garrafas de água e alguns mantimentos fornecidos pelo governo, além de uma arma para se defender durante o jogo, o objeto pode variar desde uma pequena faca de caça até uma metralhadora de uso exclusivo do exército.
Uma espécie de coleira high-tech foi colocada em todos os alunos que, além de informar a exata localização do jogador, serve como incentivo a "prática", pois dentro de cada uma existe uma bomba que será ativada se o jogador invadir uma área proibida, outra medida para dar velocidade ao jogo forçando-os a se moverem constantemente, ou se ao final do tempo estipulado não houver apenas um vencedor. A essência de Battle Royale é simples, você deve matar todos os seus companheiros em troca de sua liberdade.
Koushun Takami conseguiu explorar os recônditos mais profundos e obscuros da mente humana em sua obra. Além de ser surpreendentemente chocante e violento Battle Royale traz uma reflexão sobre a sociedade, o ser humano e suas ações em momentos de crise. A primeira vista a quantidade gigantesca de protagonistas, são quarenta e dois estudantes, parece se mostrar um empecilho ao leitor principalmente pelos nomes dos personagens, que são em japonês como Shuya Nanahara ou Shogo Kawada.
Mas é nesse exato ponto que o autor e sua fantástica mão se fazem presentes, cada aluno tem sua personalidade desenvolvida através de flashbacks e suas ações explicadas pela pessoa que ele é. Há alguns que irão matar pelo simples prazer do ato, outros que buscam apenas a sobrevivência, há aqueles que colocam os amigos em primeiro lugar e os que dariam a vida pelo amor de sua vida. Há os que não querem matar, os que almejam fugir e aqueles desalmados sem coração em busca de vingança. É impossível o leitor não identificar com ao menos uma das variadas personalidades expostas nas páginas.
Desde a sua publicação Battle Royale foi considerado controverso, cunho que as adaptações para o cinema e mangá também carregam, a ideia de jovens se digladiando até a morte quando foi escrita em 1999 foi considerada violenta a sanguinária. Hoje são diversas as histórias onde se notam a influencia de BR, principalmente nos animes que expandiram a trama nas mais diversas situações e gêneros. É um livro que vai agradar uma grande gama de leitores, desde aqueles que gostam de uma história sangrenta até os que preferem subtramas de terror psicológico.
Battle Royale (2014) | Ficha Técnica
Título original: Battle Royale (1999)
Autor: Koushun Takami
Páginas: 664 páginas
Tradutor: Jefferson José Teixeira
Editora: Globo LivrosPáginas: 664 páginas
14 Comentários
Ótima resenha! Esclareceu-me bastante sobre do que se trata o livro e o porque da criação desse Programa. Com certeza é um dos livros mais esperados do ano e depois da sua resenha fiquei ainda mais ansiosa para comprá-lo. Beijos :*
ResponderExcluirja tinha lido o primeiro manga, achei muito legal, vou ler agora o livro pra ver qual é
ResponderExcluirOi :)
ResponderExcluirBattle Royale é minha próxima compra, estou muito ansioso. Beijos!
http://euvivolendo.blogspot.com.br/
Ótima resenha! Comprei o livro porque a trama se assemelha bastante com a do filme "Os Condenados", a diferença é que no filme os personagens são presidiários em guerra pela liberdade, literalmente. Parabéns!
ResponderExcluiradorei tua resenha. Fiquei ainda mais empolgada pra ler. Vi o filme mas faz muitos anos, e desde então, queria ler os mangás e não tiive chance. Fora que essa edição é linda. Vi na livraria outro dia e fiquei babando...
ResponderExcluirSimplesmente perfeito *--*
bjs
http://torporniilista.blogspot.com.br/
Cara to lendo o livro, o q ta pegando são os nomes japoneses, ta me confundindo pra caramba ! Pelo menos tem o lance de aluno numero tal, mais to gostando ! Ate mais. ps: Nada de novidade sobre o novo de Joe Hill ,,,
ResponderExcluir(Chateado porque deu erro na página aqui e meu comentário se foi sem ser publicado)
ResponderExcluirQue livro! Que resenha! Que ansiedade. Ainda não comecei a ler BR, mas minha ansiedade quase me faz parar os livros que estou lendo para passá-lo a frente. Cada livro a seu tempo. Fiquei esperando sua resenha, e valeu a pena, porque me deixou mais agonizadamente ansioso, e o curioso foi que eu havia descrito o livro - a meu modo - como Terror Psicológico só lendo a sinopse do mesmo, e na sua opinião vi que se assemelhou a minha. Enfim.
GabryelFellipeealgo.blogspot.com
El Costa - Confins Literários
Adorei a resenha me deu mais vontade de ler o livro e de adentrar no mundo sangrento de Battle Royale. Próximo livro que vou comprar é ele.
ResponderExcluirO blog ta massa parabéns
Resenha ótima, o livro está na minha lista de desejos e depois dessa resenha já vai pro topo! Me ajudou bastante a entender a história e me deixou mais ansiosa ainda para ler!
ResponderExcluirBoa resenha! Só fez aumentar as expectativas para a leitura o/
ResponderExcluirÓtima resenha!
ResponderExcluirFiquei ainda mais curiosa e a aumentou minha vontade de ler.
Parabéns :D
Olá, Rafa!
ResponderExcluirVi seu convite lá no Skoob e vim conferir seu blog. Cara, eu estava ansiosíssimo pelo lançamento de Battle Royale, pra conferir a história original. Já li muitas coisas sobre o assunto, filme, mangá... e agora temos em Pt-Br traduzido diretamente do japonês. O livro ainda não chegou, mas não vejo a hora de começar a ler!
Abração, Miguel. Parágrafos & Capítulos || @PrCapitulos
terminei ontem...
ResponderExcluirli em duas semanas!
é um livro fantastico, de começo, meio e fim perfeitos... nao teve nem uma hora que eu ficasse cansado de ler...
vcs vao se surpreender muito varias horas do livro... o unico problema eh memorizar os 42 nomes e associa-los depois no decorrer do livro'
Li Battle Royale faz alguns meses, e tinha me esquecido de dar minhas impressões por aqui. Que livro espetacular, intenso, bem escrito. Muito dinâmico, sem enrolação, as páginas fluem muito rápido sem o leitor perceber, e quando estava chegando o final do livro eu achei que talvez não tivesse um final a altura do restante do livro, mas digo que me enganei; este foi um livro que gostei da primeira a última página. Já está no meu top 10 do ano e dificilmente sairá, superou e muito minhas expectativas. Eu não tinha me interessado por este livro quando li a sinopse pela primeira vez, mas agradeço mais uma vez ao Rafa, que mais uma vez com uma excelente resenha, eu me interessei pelo livro e o comprei e tive o privilégio de ler esta preciosidade. Maurilei.
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