Prince Of Thorns é uma jornada sombria à mente humana em busca das profundas marcas impressas pelos momentos de dor e desespero no subconsciente, e a sua resultante cicatrização através das chamas da vingança. É um livro fantástico que mistura um mundo medieval sombrio com toques pós-apocalípticos a personagens profundamente reais e assustadores.
Mark Lawrence conseguiu em seu romance de estreia criar uma história controversa, carregada de violência e humor negro em um mundo devastado, embrulhando tudo isso na visão de um dos protagonistas mais cruéis, um anti-herói/vilão cujas ações estabelecem um limite muito tênue as duas designações, o príncipe Honório Jorg Ancrath.
Para começar a falar sobre o livro é indispensável esclarecer alguns pontos sobre o universo criado pelo autor. A primeira vista pode-se imaginar que se trata de uma fantasia medieval dada a quantidade de cavaleiros e castelos e a organização política da época, um governo formado por reis e suas tradições hereditárias. As referências aos filósofos e sábios gregos apenas reforçam essa crença.
Mas então surgem pequenos comentários aludindo a enigmáticos Construtores e seus antigos feitos, temos pequenos enxertos de tecnologia atual mitificada pela ignorância e assim surgem as peças que transformam o mundo em uma distopia pós-apocalíptica.
Referências a Shakespeare e Nietzsche confirmam isso. Em algumas partes me senti em uma sala da North Central Positronics enfrentando os horrores que um futuro desconhecido pode trazer. Em suma a história se passa e algum tempo do futuro onde a humanidade retrocedeu a um novo período de trevas, através das estradas e castelos do Império Destruído. Outro ponto interessante é a construção da religião em Prince Of Thorns.
O Império é formado a partir do catolicismo e referências a Bíblia e a Jesus são altamente utilizadas, porém ainda existe espaço para o misticismo há magos negros que podem manipular sonhos e necromantes que revivem mortos. Há um choque religioso no livro bastante interessante. Mark Lawrence consegue alcançar êxito com a criação de seu protagonista, Jorg Ancrath. O Príncipe dos Espinhos está além da sua idade, sua raiva e sua dor são tão chocantes quanto sua sabedoria assim como seu desejo de vingança.
Jorg é herdeiro de Ancrath e sua educação condiz com o aprendizado que um futuro rei deve possuir, porém durante um passeio com sua mãe e seu irmão menor, todo o seu mundo muda após um ataque a mando de outro rei. Apenas Jorg tem tempo de ser "salvo" um dos guardas o tira da carruagem e o joga em meio ao acostamento, azar ou sorte ele acaba caindo em meio a um arbusto de roseira brava se ferindo nos pontiagudos espinhos dos galhos. Em meio aos relâmpagos que cruzam a escuridão do céu ele divisa imagens da sua mãe sendo brutalmente estuprada e a morte cruel de seu irmão.
Jorg tenta sair de meio aos espinhos mas seus esforços apenas os fincam mais fundo em sua pele, mas a dor física não se compara a outra dor que surge em seu peito. E é essa dor que norteará seus próximos passos. Jorg ultrapassa o conceito de anti-herói e às vezes se aproxima mais do vilão do que qualquer outro protagonista de histórias de fantasia e seus fins justificam os meios.
É o tipo de personagem que tem produz no leitor apenas sentimentos extremos, ou se ama ou odeia sua personalidade. O autor entrou fundo na psique humana para mostrar a evolução do seu personagem, de herdeiro a rei é a sua meta até os quinze anos. A história é contada pela visão de Jorg e todos os outros personagens são construídos a partir de suas percepções, sua narrativa é entremeada entre o presente e lembranças de fantasmas passados focados em quatro anos atrás a partir da morte de sua mãe até os acontecimentos que o levaram onde está hoje.
Esses flashbacks são bem conduzidos e trazem uma visão além da cena principal aprofundando o laço leitor/protagonista servindo como uma maneira (estranha, eu diria) de justificar a violência. Antes de todos os capítulos há sempre uma pequena passagem descrevendo a personalidade de cada um dos companheiros de Jorg, sempre com um humor negro se tornam um aperitivo interessante para a insaciável leitura do romance.
Prince Of Thorns é um livro deliciosamente cruel e com seu humor rascante se torna uma leitura viciante. A edição da DarkSide é linda, feita para durar muitos anos, a impressão é que daqui cem anos nossos ossos serão pó no caixão enquanto os livros de capa dura da editora não perderão nem metade da sua qualidade e durabilidade. Indicado a todos os tipos de leitores.
Título original: Prince of Thorns (2011)
Autor: Mark Lawrence
Páginas: 364 páginas
Autor: Mark Lawrence
Tradutor: Antônio Tibau
Editora: Darkside BooksPáginas: 364 páginas
Compre: Amazon
Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)
Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)
19 Comentários
Gostei muito da resenha, ela fez eu querer ler o livro o mais breve possível.
ResponderExcluirLi uma resenha que me desanimou um pouco a respeito do livro,por ser algo que eu não estava procurando para ler. Agora que li sua resenha o animo voltou e fiquei bastante intrigada com esse anti herói/vilão. Minha lista de livros não lidos está imensa,mas quero acrescentar esse livro à minha estante ainda esse ano.
ResponderExcluirFaz um tempinho que quero ler o livro, desde que vi a capa me chamou a atenção e acabei gostando mais ainda lendo a resenha.
ResponderExcluirJá tinha vontade de lê-lo,agora tenho certeza de que o comprarei.Mt obrigado.Ótima,incrível resenha.
ResponderExcluirGostei muita da sua resenha. Já estava interessada pelo livro, agora então, estou mais ainda.
ResponderExcluirOlá! Gostei muito de sua resenha, e como já havia comprado o livro, concordo com você em vários aspectos. Confesso que dei uma parada na leitura, o livro é bem sombrio, Jorg começa o livro saqueando pequenas cidades, fogueira de corpos, estupros... Não é um livro para pessoas sensíveis, pode assustar um pouco, mas vale super a pena pelo realismo e pela proposta diferente, mas continuo super fã do estilo de Bernard Cornwell para quem gosta do estilo épico e medieval, com suas batalhas bem construídas!
ResponderExcluirGostei bastante da sua resenha.
ResponderExcluirgostei MUito da sua resenha :D
ResponderExcluirGostei muito da resenha vou comprar o livro assim que tiver dinheiro quero muito ler ele
ResponderExcluirUau, resenha muito bem feita. Com tudo o que disse do livro, fiquei bem animada para ler
ResponderExcluirA capa desse livro realmente me faz querer lê-lo. Porém, já me empolguei, já perdi a vontade e agora voltei a querer lê-lo, graças a sua resenha haha No dia que eu encontrá-lo numa promoção ou tiver dinheiro sobrando, eu compro.
ResponderExcluircara, não acho que o Jorg seja um "vilão" ele apenas faz de tudo pela vingança.
ResponderExcluirNo livro não há sentido em nomear heróis ou vilões. O autor utilizou da questão do bem e mal serem relativos. Todos os personagens fazem de tudo para conseguir seus objetivos
ExcluirParabéns sua resenha ficou perfeita. Sou livreira e infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler esta trilogia que, através de seus olhos, você nos passou ser magnifica. Separei os meus para comprar agora é so aguardar um tempinho para lê-los. Você contribuiu muito com o meu trabalho. Estou louca para começar a indica-lo. Obrigada.
ResponderExcluirGostei muito da sua resenha!!
ResponderExcluirVou com certeza,começar a ler!!
O Livro é ótimo, eu adorei a leitura sou apaixonada por romances épicos este com seu mix então fodastico!!!!!
ResponderExcluirQue resenha maravilhosa.....me fez querer ainda mais ler o livro♥♥♥
ResponderExcluirTem alguma tipo de romance nesse livro?
ResponderExcluirTambém, ao ler o livro, notei que o autor usou muito das escritas de Sun Tzu, A Arte da Guerra. Em muitas partes das batalhas, é usada estrategias que Sun Tzu descreveu a mais de dois mil anos atrás.
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