Encontrei esse livro por caso na biblioteca, o nome do autor me chamou a atenção (um pseudônimo bastante interessante que poderia ser traduzido como John Doze Falcões) e a sinopse não foi menos instigante, comparações com George Orwell e Ray Bradbury apenas aguçaram ainda mais a curiosidade... Quanto terminei a leitura fiquei surpreso porque o livro não era nada do que eu achava e sim algo muito melhor, porém John Twelve Hawks possui claras influências mais de Michael Crichton e Philip K. Dick de que qualquer outro autor.
O Peregrino faz uma análise sobre o livre-arbítrio, o determinismo, o bem e o mal, controle social e dimensões alternativas. O mundo está caminhando para uma espécie de futuro altamente controlado pelo governo, as câmeras estão em cada esquina e porta de lojas existentes, de modo que todos os seus movimentos são gravados e arquivados por poderosos computadores que além de tudo possuem um complexo e avançado sistema de busca, através do qual podem encontrar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo seja pela análise facial de uma imagem feita por uma câmera obscura no meio do nada ou pelo exame de certas palavras que um "rebelde" usaria na internet. É uma grandiosa paranoia.
Em meio a toda essa vigilância surgem os peregrinos, pessoas com o dom especial de poder viajar entre as dimensões. No livro há páginas a mais páginas explicando melhor o que eles são e sobre as dimensões, aliando à ciência a sabedoria milenar dos monges budistas. Os Peregrinos foram cruelmente perseguidos e executados por agentes do governo, que é conhecido como Tábula, de modo que hoje existem pouquíssimas pessoas com o dom já que ele é transmitido através da linhagem sanguínea. Paralelo a isso, existem os Arlequins, humanos treinados desde o nascimento para serem máquinas de matar e proteger com suas vidas os Peregrinos.
A narrativa é centrada na ação e deixa espaço para o leitor respirar, desde o início o autor deixa claro que os personagens estão em eterna fuga, pois se pararem muito tempo em algum lugar a Tábula os captura. Unindo um pouco do cyberpunk ao medieval japonês o livro é uma leitura fácil e empolgante com bastante informação e material gerador de opiniões, muitas perguntas se formam na cabeça do leitor conforme as páginas avançam.
A Identidade de John Twelve Hawks é desconhecida até mesmo para seus editores, numa boa jogada de marketing, ele se diz incomunicável com a sociedade por causa do controle americano de informação e das pessoas. O Peregrino é apenas o primeiro volume da Trilogia do Quarto Mundo e deixa uma vontade imensa pelos próximos volumes, felizmente todos já lançados no Brasil. Indicado a todos os leitores que gostam de uma leitura descompromissada e divertida para se ler em qualquer lugar.
O Peregrino (2006) | Ficha Técnica
Título original: The Traveler (2005)
Autor: John Twelve Hawks
Páginas: 496 páginas
Tradutora: Alyda Christina Sauer
Editora: RoccoPáginas: 496 páginas
2 Comentários
Bem legal, gosto muito de leituras assim, esse trecho aí que você colocou chamo muito a atenção. Já ta na minha lista de livros =]
ResponderExcluirMuito boa a resenha, parabéns .
Abraço
http://tyciahadiresenhas.blogspot.com.br/
li esse livro em 2007. Se tornou um livro inesquecivel. Que me abriu a mente pra todo essa problema da vigilancia eletronica e falta de privacidade, que me fez olhar para Julian Assange e a nao me surpreender com as revelações de Edward Snowden. Snowden ate parece com um dos personagens do livro. Depois disso foi lançado as duas sequencias. Rio Escuro e A Cidade Dourada. Esse ano John lançara , em ingles primeiro, seu novo livro , Spark. Ansioso. Ele sempre responde as msg dos fãs do seu trabalho no seu site. Chega lá!
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