As abelhas fazem parte do seleto grupo de insetos essencial para a manutenção da vida humana no planeta, além de sua grande importância econômica, como na produção de mel, cera e própolis, elas tem um papel fundamental na agricultura, através da polinização das flores, alimentos como maçã, soja, café e feijão dependem essencialmente de seu trabalho, o de transportar o pólen de uma flor à outra, para produzirem frutos.
Se algum tipo de cataclismo exterminasse todas as abelhas do planeta, a sociedade mundial entraria em colapso em poucos meses sem a polinização, colheitas seriam extremamente prejudicadas, frutas e verduras desapareceriam das prateleiras de supermercados, a cobertura vegetal do planeta sofreria uma redução de mais de noventa por cento, afetando diretamente animais herbívoros, em um efeito tão devastador que destruiria a cadeia alimentar, atingindo um número cada vez maior de espécies até chegar ao homem.
Em outras palavras o apocalipse começaria no estômago, a humanidade enlouquecida pela fome entraria em uma guerra autodestrutiva. A Invasão das Abelhas de Arthur Herzog, publicado em 1974, se insere no grupo das obras inovadoras que prenunciaram a importância do diálogo sobre o resultado das ações devastadoras do homem na natureza, misturando ficção científica com suspense a estória consegue surpreender pela profundidade e a maneira didática com que os assuntos são abordados.
O grande vilão do livro é o homem, anos de má escolhas e ações baseadas na ganância transformaram a natureza de tal modo que a retribuição fez-se necessária. O gatilho inicial para a invasão dos insetos é a importação de uma espécie de abelha africana, seu grande tamanho resultava em uma produção de mel superior ao da variedade americana, por conseguinte o único ônus era sua natureza agressiva. Os apicultores logo descobriram que a abelha africana se tornava extremamente territorialista e violenta, grande parte devido a alteração climática que enfrentavam, canibalizando a espécie americana e invadindo suas colmeias.
As abelhas começaram a fervilhar em enxames raivosos, invadindo cidades e atacando a população, inicialmente o fenômeno ocorreu apenas na América do Sul, em especial no Brasil, e mesmo com o inimigo surgindo nas imediações de seu quintal, os americanos não se preocuparam com o problema até que o zumbido do apocalipse pudesse ser ouvido dentro de suas mansões luxuosas.
A utilização de substâncias químicas foi o elemento que selou a destruição da humanidade. No início dos anos setenta um estudo sociobiológico sobre os gafanhotos do Vietnã, com relação ao uso indiscriminado de pesticidas nas plantações, foi realizado, os gafanhotos haviam conseguido sintetizar uma substância química, através de um desfolhante, e a usavam como arma de defesa contra predadores, o que ocasionava uma alteração na cadeia alimentar e um problema que, como uma bola de neve, crescia a cada nível atingido até alcançar o homem.
Os pesticidas utilizados contra as abelhas africanas funcionaram relativamente bem no começo, mas a transmissão hereditária de informações tornou as novas gerações imunes à substância e como resultado a potência de seu veneno foi ampliada substancialmente, de modo que uma picada da nova espécie de abelha afro-americana poderia matar um ser humano.
Conforme os ataques das abelhas crescem em número ao longo do país, o pânico aumenta e o que parecia ser apenas mais uma história de suspense sobre ataques de animais ganha um tom apocalíptico assustador. Em suma A Invasão das Abelhas é um ótimo livro e proporciona uma leitura divertida e instigante, mas existem ressalvas no percurso que impedem sua perfeição, principalmente com relação ao livro físico. Existem duas edições nacionais do livro, a clássica A Invasão das Abelhas publicada pela Artenova e a edição do filme publicada como O Enxame.
Minha análise se baseia na primeira edição que possui erros crassos em sua tradução, há partes em que computador está escrito como cumpatador!, o suficiente para atrapalhar a leitura em alguns momentos. Outro problema é a fragilidade dos livros, atualmente encontrar uma obra publicada nos anos sessenta em boa qualidade é extremamente difícil e esse fenômeno está chegando ao livros dos anos setenta.
A escrita de Arthur Herzog é ágil, mesmo nos momentos em que cita estudos científicos e discorre sobre curiosidades dos insetos, o problema da trama se concentra no início de sua segunda metade, quando as descrições dos processos genéticos imaginados pelos cientistas se arrastam pelas páginas. Mas no final o livro garante uma boa diversão, o apocalipse das abelhas é mais um dos cenários arrepiantes a servirem como fonte de pesadelos sobre os prováveis finais da humanidade.
A Invasão das Abelhas (1976) | Ficha Técnica
Título original: The Swarm (1974)
Autor: Arthur Herzog
Tradutor: ----
Editora: Artenova
Páginas: 211 páginas
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Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (9/10 Caveiras)
2 Comentários
Tô rindo até agora do cumpatador hahaha
ResponderExcluirEnfim, achei a ideia do livro bastante interessante. Acho que tenho uma pequena atração por esses clássicos antigos, e você sempre traz uns bens legais, por isso gosto daqui.
Acho que se eu for ler, tentarei comprar alguma edição em inglês, para pelo menos tentar fugir do cumpatador hahaha
Olá.
ResponderExcluirVocê não sabe como sou fã do seu blog, bem está sabendo agora rs
Sou apaixonada por livros de terror, thriller psicológico enfim... sempre que pego um desses pra ler venho aqui pra saber qtas caveiras vc deu, já até linkei seu blog no meu pra estar sempre sabendo das novidades. Parabéns. Beijo.