Resenha | The Walking Dead: A Ascensão do Governador de Robert Kirkman e Jay Bonansinga

O livro é ótimo, a história é perfeita e a narrativa impecável. A Ascensão do Governador se tornou um dos meus livros favoritos, me surpreendeu no momento da leitura pela força que os personagens possuem em fazer o leitor sentir e imaginar o que seria passar por aquela situação, sem falar da tensão em torcer para que tudo de certo. 

Robert Kirkman consegue trazer a tona uma discussão interessante sobre a bondade e maldade humana em uma história emocionante e perturbadora que não trata apenas do fim do mundo, mas também do nascimento de um novo. Já li várias histórias que tratam do tema zumbi e mundo pós-apocalíptico, algumas com premissas originais e um enredo arrebatador, já outras que mais parecem cópias sem sal de uma história que poderia ser bem melhor. 

Sendo assim identifiquei três tipos de enredos para esse tipo de tema baseados na abordagem escolhida pelo autor. Por exemplo, há o foco na origem do vírus que transformou as pessoas em canibais mortos-vivos na qual a trama gira em torno do que começou os ataques e não se retém nos efeitos ou num futuro distante, é o caso dos livros da saga Resident Evil. 

Outra maneira de tratar o tema é dar ênfase aos zumbis, deixando de lado um pouco da origem e se baseando apenas na premissa da sobrevivência perante os ataques sucessivos, um bom exemplo dessa linha narrativa é a trilogia Apocalipse Z. 

A Ascensão do Governador se encaixa na terceira classificação, a qual possui foco nas pessoas, lógico que sem deixar de lado os zumbis e o fim do mundo, mas o centro de tudo é as mudanças ocorridas nos seres humanos quando todas as amarras sociais quebram e o mundo vai para os ares, é uma abordagem mais filosófica e sociológica de como o ambiente externo e suas variações influencia na nossa maneira de agir e ser.

No livro conhecemos Philip Blake, sua filha Penny, seu irmão Brian Blake e seus dois melhores amigos Bobby e Nick que juntos tentam sobreviver ao apocalipse e aos tenebrosos zumbis que enchem as ruas das cidades com seus gemidos esfomeados e passo lento. A sobrevivência é o principal objetivo do grupo, além de um lugar seguro para passar a noite, comida e água são fatores imprescindíveis para a manutenção da vida e a dificuldade de consegui-los em uma terra devastada é gigantesca. 

A cada esquina surge um novo perigo ou barreira fazendo com que a fuga se torne cada vez mais difícil, os poucos carros que funcionam fazem muito barulho e atraem legiões famintas de zumbis além de que tem sua mobilidade reduzida por ruas infestadas de entulho, desde carros parados a esmo a grandiosos acidentes que ocorreram em meio ao caos dos primeiros dias.

Os personagens são bem construídos e possuem personalidades fortes e marcantes, porém é a mudança que ocorre com eles ao longo da jornada de sobrevivência que é admirável, nenhum deles escapa de ser modificado pelas circunstancias e acontecimentos, que trazem consigo poderosas questões sobre o que é certo ou errado. 

Até onde você iria para salvar um ente querido? Isso faz com que o cansaço físico que os atinge seja uma simples coceirinha perto da grande tsunami de pensamentos conflituosos que povoam a mente. Enfim é um livro recomendado a quem busca entretenimento de qualidade com uma trama ágil e descompromissada que planta sementes reflexivas, que crescem e florescem ao longo da narrativa e cujos frutos perduram muito tempo após a leitura ter acabado.

   

  A Ascensão do Governador (2012) | Ficha Técnica 

   Título original: The Walking Dead: Rise of the Governor (2011)

   Autor: Robert Kirkman e Jay Bonansinga

   Tradutor: Gabriel Zide Neto

   Editora: Record
   Páginas: 364 páginas

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   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (9/10 Caveiras)